Exposição Cartas à Tereza: quando o afeto vira resistência

A Exposição Cartas à Tereza foi um dos momentos mais marcantes da história recente da Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB). Desde sua abertura, em julho, a mostra recebeu centenas de visitantes, entre eles escolas públicas, coletivos culturais e grupos de mulheres negras que participaram das visitas guiadas e vivenciaram a experiência de escrever com antigas máquinas de escrever, verdadeiras relíquias transformadas em portais de ancestralidade.

 

A proposta era simples e poderosa: escrever uma carta para Tereza de Benguela, heroína quilombola e símbolo da resistência negra. O resultado, porém, foi imenso. As pessoas se emocionaram ao ouvir o som das teclas antigas, sentir o papel vibrar e datilografar palavras de luta, amor, futuro e gratidão. Entre tantas cartas, uma delas parou o tempo.

 

Datilografada por uma “Tereza” anônima e deixada sobre a mesa sem assinatura, a carta comoveu a curadoria e foi escolhida por unanimidade como a Carta Coletiva, aquela que representa todas as outras. Suas palavras atravessam o papel como se viessem de um lugar entre o ontem e o agora. A cor e a dor. A força e o sonho.

 

Nós, da Biblioteca Demonstrativa e da Fundação Cultural Palmares, agradecemos por cada visita e por cada letra batida nas máquinas de escrever, como se cada tecla fosse uma batida de tambor enviando afeto a Tereza de Benguela.

 

A carta da foto contém todas as letras e todos os sonhos das demais. Por isso, você, Tereza anônima e tão presente nas escrevivências de tantas mulheres negras, é parte viva dessa história.

 

A Exposição Cartas à Tereza foi prorrogada até 15 de setembro, integrando a programação da Marcha Caminhos para Exu, que reuniu fé, cultura e ancestralidade nas ruas de Brasília.

 

Que as cartas sigam ecoando, entre passado e futuro, como um chamado à memória, à liberdade e ao amor ancestral. 

 

Sobre a programação cultural da BDB

A programação cultural da Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles é realizada por meio do Termo de Colaboração nº 950548/2023, celebrado entre o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli), e o Instituto Incluir, uma organização da sociedade civil. Fundada em 1970 e localizada em Brasília, Distrito Federal, essa instituição tem caráter público federal. Com a missão de ser uma biblioteca experimental que promove novos paradigmas de normatização e disseminação de boas práticas no campo das bibliotecas públicas, buscando sempre estar na vanguarda. Além disso, ela desempenha um papel fundamental na democratização do acesso à leitura, na formação de novos leitores, na promoção da literatura brasileira e na contribuição para o aprimoramento dos profissionais que atuam em todo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.

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